A guerra traz algumas coisas curiosas. Uma de suas características é tirar a noção das pessoas. Você viu aquela cena em que uma mulher apanhava os estojos de munições que ficavam pela rua?(bem tenho que confessar: eu já peguei um uma vez por curiosidade. Pensei até em colecionar, mas logo recuperei a consciência.). O clímax da cena veio quando o repóster perguntou por que ela estava recolhendo aqueles cartuchos e ela respondeu que iria vender no ferro velho para conseguir dinheiro a fim de comprar leita para os seus filhos.
Pasmem, mas aquela mulher conseguiu tirar algo bom na guerra do tráfico no Rio de Janeiro: ela conseguiu uma aplicação boa para aquilo que foi feito para matar. Isso me faz refletir e pensar que nada é realmente tão ruim que não tenha um lado bom.
Sei que é um desafio para nós, mas temos que olhar para essa guerra e tentar tirar o que ela tem de bom (paradoxal). Sugiro que: 1) aprendamos que a droga é um elemento maligno em todos os segmentos: desde o usuário até o mega traficante que nunca vemos nos noticiários; 2) Política de Segurança Pública não é confronto. Ouvi um governante dizer que o governo responderá à altura dos bandidos. (veja a ironia: qual é a altura deles?); 3) Se a guerra do tráfico é um horror para o público que assiste, por outro lado é a alegria da mídia que pode aumentar os seus índices de audiência, dos políticos que pode aparecer a toda hora nos noticiários e, também dos bandidos, que se sentem homens de sucessos ao terem seus nomes divulgados como responsáveis pelos ataques, afinal, quem nunca ouviu falar de Fernandinho Beira-Mar, Elias Maluco ou Bin Laden?
Quissá nossos governantes aprendessem algo bom dessa guerra também. Quem sabe aprendam que governar é para todos; que política não é apenas campanha eleitoral; que tráfico não é patrocinado pelo morador da favela; que os bandidos ocupam as lacunas do estado; que polícia não é exército; que o governo representa o povo e deve trabalhara para o povo; que ...
